Existe responsabilidade corporativa ambiental de exploração econômica em terras indígenas no Brasil? (¿Existe la responsabilidad corporativa ambiente de la exploración económica en tierras aborígenes en el Brasil?)

Authors

  • Thais Luzia Colaço Universidade Federal de Santa Catarina

Keywords:

Environmental corporate responsibility, economic exploitation, indigenous lands, Responsabilidad corporativa ambiental, explotación económica, tierras aborígenes, Responsabilidade corporativa ambiental, exploração econômica, terras indígenas

Abstract

Com a Constituição Federal de 1988, os índios no Brasil passaram a ter direitos especiais sobre suas terras que se tornam de posse permanente e propriedade da União, inalienável, indisponível, imprescritível, com direito a usufruto conforme as especificidades de cada povo. São consideradas as “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições” (art. 231, &1º).

A Constituição regulou a exploração de suas riquezas naturais, que só pode ser mediante a autorização do Congresso Nacional e o consentimento da população envolvida, assim como a participação nos lucros. Essas terras também passaram a ter uma legislação especial para sua exploração econômica, proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e etnodesenvolvimento. Cabe ressaltar que a maioria das terras indígenas no Brasil são as que apresentam uma melhor conservação ambiental.

Muitas destas terras sofrem hoje pressões sobre seus recursos naturais: minerais, hídricos e florestais, que devem-se ao avanço das fronteiras econômicas do país (agricultura, pecuária, madeireira e mineração) e de grandes obras de infra-estrutura governamental (transporte e energia), causando graves problemas socioambientais.

O que se tem observado até o momento, é que a legislação ambiental em terras indígenas é pouco respeitada pela falta de fiscalização, e que não existe responsabilidade ambiental corporativa das empresas exploradoras, tão pouco existe a responsabilidade do Estado. O que será demonstrado no decorrer deste artigo com exemplos concretos que afetaram e afetam as comunidades indígenas no Brasil.

The Federal Constitution of 1988 gave the Indians in Brazil special rights over their lands, which came under the permanent possession and ownership of the Union, inalienable, unavailable, indefeasible, with the right to enjoyment according to the particularities of each people. These are considered the "lands traditionally occupied by Indians on which they live on a permanent basis, used for their productive activities, and indispensable for the preservation of environmental resources necessary for their well-being and for their physical and cultural reproduction, according to their usages, customs and traditions "(art. 231, & 1.)

The Constitution regulated the exploitation of their natural resources, which can only be with congressional authorization and the consent of the people involved, and subject to profit sharing. These lands also have been protected by special legislation for their economic exploitation, environmental protection, sustainable development and ethnic development. It is noteworthy that the majority of indigenous lands in Brazil have higher levels of environmental conservation.

Many of these lands today suffer from pressures on natural resources: minerals, water and forest resources, due to the economic development of the frontiers of the country (agriculture, livestock, forestry and mining) and to major governmental infrastructure projects (transport and energy ), causing serious social and environmental problems.

What has been observed so far is that environmental legislation governing indigenous lands is little respected due to inadequate enforcement, and that there is neither corporate environmental responsibility shown by the operating companies, nor environmental responsibility on the part of the State. This is demonstrated in the article with specific examples that have affected and continue to affect indigenous communities in Brazil.

Con la Constitución Federal de 1988, los indios de Brasil habían comenzado a tener derechos especiales sobre sus tierras, que pasan a ser propiedad permanente de la Unión, con carácter inalienable, indisponible, imprescriptible, con derecho al usufructo según las especificidades de cada pueblo. “Las tierras tradicionalmente ocupadas por los indios, habitadas de forma permanente, usadas para sus actividades productivas, se consideran esenciales para la preservación de los recursos ambientales necesarios para su bienestar y su reproducción para física y cultural, según sus usos, costumbres y tradiciones” (art. 231, &1º.)

La Constitución regulará la explotación de su riqueza natural, que solamente se puede hacer con la autorización del Congreso Nacional y el consentimiento de la población implicada, y también la distribución de los beneficios. Estas tierras también pasaron a tener una legislación especial para su explotación económica, protección ambiental, desarrollo sostenible y desarrollo etnológico. La mayoría de las tierras aborígenes en Brasil son las que presentan una conservación ambiental mejor.

Muchas de estas tierras sufren hoy presiones sobre sus recursos naturales (minerales, forestales, hidrológicos), debido al avance de las fronteras económicas del país (agricultura, ganadería, industria maderera) y de las grandes infraestructuras gubernamentales (transporte y energía), causando graves problemas socioambientales.

Hasta el momento se ha observado que la legislación ambiental en tierras aborígenes se respeta poco debido a la falta de fiscalización. No existe responsabilidad ambiental corporativa de las compañías explotadoras, ni responsabilidad estatal. Esto se demostrará en los ejemplos concretos que han afectado y afectan a las comunidades aborígenes de Brasil.

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Author Biography

Thais Luzia Colaço, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Direito. Professora do Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Antropologia Jurídica da UFSC. Pesquisadora CNPq

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Published

06-10-2011

How to Cite

Colaço, T. L. (2011) “Existe responsabilidade corporativa ambiental de exploração econômica em terras indígenas no Brasil? (¿Existe la responsabilidad corporativa ambiente de la exploración económica en tierras aborígenes en el Brasil?)”, Oñati Socio-Legal Series, 2(3), pp. 53–67. Available at: https://opo.iisj.net/index.php/osls/article/view/109 (Accessed: 23 November 2024).